Balneário Camboriú se prepara para receber, neste segundo semestre de 2025, o método Wolbachia, tecnologia inovadora que utiliza mosquitos Aedes aegypti com uma bactéria natural (Wolbachia) para reduzir a transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya. A iniciativa é uma parceria do Ministério da Saúde com o projeto Wolbito do Brasil e já apresenta resultados expressivos em diversos países e cidades brasileiras.

A iniciativa é uma aliada no combate à dengue, doença que, em 2024, registrou 7.106 casos e provocou 9 mortes em Balneário Camboriú. Neste ano, foram 717 casos até o fim de julho e nenhum óbito. Os dados foram repassados pelo diretor da Vigilância Ambiental, David Cruz.

De acordo com o biólogo e gerente de implementação da Wolbito do Brasil, Gabriel Sylvestre, o método foi descoberto quando pesquisadores identificaram que a bactéria Wolbachia, ao ser transferida da mosca-da-fruta (Tephritidae) para o Aedes aegypti, impediu que o mosquito tivesse a capacidade de transmitir a dengue.

“A gente solta mosquito (Wolbitos) na natureza, esses mosquitos vão cruzar com os mosquitos que existem ali, que não têm Wolbachia, os seus filhotes nascem com Wolbachia e, portanto, são incapazes de transmitir doenças”, destaca.

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A Wolbachia é uma bactéria presente naturalmente em diversas espécies de insetos e não oferece risco a humanos, animais ou ao meio ambiente. “A Wolbachia não consegue chegar no nosso corpo. A Wolbachia está dentro da célula do mosquito. Se o mosquito picar, a gente não vai cuspir Wolbachia no nosso sangue. É totalmente segura e natural”, reforça.

Foto: wmp brasil

Durante o mês de agosto serão realizadas as primeiras solturas de mosquitos com a Wolbachia, o que pode fazer com que a comunidade perceba um aumento na incidência de mosquitos. Em Balneário Camboriú, cerca de 75 mil moradores serão contemplados inicialmente, priorizando áreas com maior histórico de casos de dengue. A escolha da cidade seguiu critérios do Ministério da Saúde, que considera regiões de maior risco de transmissão e circulação de pessoas.

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Ainda de acordo com Gabriel Sylvestre, a comunidade não deve mudar em nada seus hábitos. Podem continuar matando mosquitos, usando inseticidas e, principalmente, seguir fazendo sua parte no combate ao Aedes aegypti.

“O Volbito não vai salvar a situação toda, não. Acho que é muita inocência a gente achar que, com uma tecnologia, vai eliminar um problema de décadas no Brasil. Esse mosquito está sendo tentado a ser erradicado há muitos anos. Foi conseguido lá nos anos 50, pelo Oswaldo Cruz, por toda aquela ação contra a febre amarela, mas logo depois ele voltou. Ele foi reintroduzido e, de novo, se estabeleceu hoje em quase todos os municípios, se não me engano são todos, mais de 5 mil municípios têm Aedes aegypti, têm circulação desses vírus. Então é uma luta difícil. Mas a gente está vendo resultados muito bons, então acho que é mais uma forma de contribuir. Mas todo mundo tem que fazer o trabalho de casa também”, avaliou.


Método testado e aprovado

Resultados internacionais comprovam a eficácia da tecnologia: a Austrália registrou 96% de redução dos casos de dengue, a Indonésia 77%, o Vietnã 86% e a Colômbia 97%. No Brasil, Niterói, uma das primeiras cidades a receber o método, já alcança quase 90% de redução da doença.

Em Santa Catarina, Joinville, ainda em 2024, foi a primeira na utilização do método Wolbachia, que é apontado pela própria prefeitura da maior cidade do estado como uma das ações responsáveis pela redução de 98,94% no número de casos no primeiro quadrimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado.

O método já é adotado desde 2014 no Brasil e está presente em 11 cidades. Com a produção em larga escala feita em Curitiba, a expectativa é alcançar 140 milhões de pessoas nos próximos 10 anos.


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Source jornaltribuna

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